O leitor se constrói, primordialmente, na infância. E entre a casa e a escola. No Brasil, pesquisas recentes confirmam, que um dos maiores responsáveis pela formação de novos leitores é o professor em sala de aula. A resposta é óbvia: infelizmente, ainda há poucas famílias leitoras. A leitura ainda está distante dos lares no Brasil.

          Tentando reverter esse quadro, o Projeto “Parnamirim, um rio que flui para o mar da leitura”, em parceria com um projeto de extensão da Biblioteca Zila Mamede, promoveu, durante todo o dia de hoje, 31 de outubro, a ação “Libertando Livros”.  A ideia é que a população, para além da escola, e para além da faixa etária infantil, traga seus livros duplicados ou já lidos e troque-os por outros.

          Com tendas expostas ao lado do Mercado Público do centro da cidade, pessoas iam e viam, tocavam e trocavam livros, liam e conversavam sobre temas diversos, enfim, eram provocados para a importância do ato de ler.  Segundo o bibliotecário Raimundo Muniz, responsável pelo projeto, mais de duas centenas de livros foram trocados, ou seja, muitas leituras surgirão nas próximas semanas em Parnamirim.



          Confirmamos o que reza Daniel Pennac, em seu clássico ‘Como um romance’, quando diz:  “Se, entretanto, o prazer de ler ficou perdido (…) ele não se perdeu assim tão completamente. Desgarrou-se apenas. Fácil de ser reencontrado”, enquanto projeto, estamos a procurar o caminho que facilite esse reencontro, outrora perdido.

Enquanto as trocas aconteciam, comerciantes eram abordados, compartilhando poesias

          Ações como essas que oferecem a mediação da leitura, como diria Barthes, da “leitura afetuosa”, resultarão no título que almejamos de ser uma “Cidade de Leitores”.





Mais informações sobre o projeto:

“Esse projeto se propõe distribuir livros dentro do Campus Universitário, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), bem como em comunidades carentes de Centros de Informação, como alternativa às diferentes formas de mediação, interação, intercâmbio e disseminação da informação, contribuindo, sobremaneira, para a qualidade de vida e o desenvolvimento intelectual dos indivíduos. A ideia central dessa proposta é de que os livros são para serem lidos devendo ser, continuamente, transferidos para outros leitores permitindo a permanente e intensa troca de informações, ao invés de serem abandonados nas estantes. O objetivo geral é transformar os espaços urbanos em uma imensa biblioteca itinerante para trocas de livros, de forma sistemática, estimulando a leitura necessária à construção de uma comunidade mais bem informada.”
Autor: Raimundo Muniz – Bibliotecário, Msc. Ciência da Informação.