Salizete Freire em entrevista
12:20:00Rio de Leitura
Salizete Freire Soares – É eternizar o que dizemos. A escrita é imortal. Os grandes autores como Cecília Meireles, Guimarães Rosa, Shakespeare estão todos eternizados. Eu não os conheci ou conheço pessoalmente, mas o que eles escreveram está aí para quem quiser ter acesso.
SFS – Nunca fomos um país de leitores, infelizmente. Mas, acho que estamos no caminho certo. Projetos como esse da professora Angélica Vitalino – Parnamirim: um rio que flui para o mar de leitura são excelentes exemplos. O próprio título é um poema. É preciso oferecermos acesso aos livros. Quando você entra em uma casa, nos deparamos com computador, celular, tablete, tudo à mão. Mas, não vemos livros. Nós não oferecemos livros para as nossas crianças.
SFS – Não vejo a tecnologia como uma revolução. Para mim a grande revolução foi a descoberta do alfabeto. A tecnologia pode até contribuir para a leitura, desde que saibamos utilizá-la. A criança, quando acessa um jogo ou mesmo quando ganha um equipamento novo, ela vai ter que ler para saber operar essas máquina, esse aplicativo. Vai ler e aprenderá. Então, a tecnologia pode ser uma aliada.
SFS – Os neologismos sempre existiram, mas agora eles estão em maior evidência. A própria palavra vossa mercê (vós mecê) acabou se transformando em você. Não sou a favor de economizar as palavras. É desagradável para a linguagem. Mas, se formos avaliar, não vimos isso apenas nas redes sociais. A música também tem utilizado muito destes neologismos. Algumas tribos, gritos, usam uma linguagem própria e precisamos ter o ouvido apurado para entende-los. A verdade é uma só: a linguagem nasce, desenvolve e morre. Hoje, o que nossos avós costumavam falar já não é reproduzido entre os nossos jovens. Arrastou uma asa para fulano e muitas outras já não são ditas. Os jovens nem sabem do que se tratam essas palavras.
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