Lê, Mestre!

13:24:00Rio de Leitura

"Tudo pode começar com uma voz querida que chega à orelha,
 não com instruções nem com explicações, mas com cigarras que dialogam com formigas, bolsas amarelas que guardam coisas estranhas, meninos maluquinhos, meninas de nariz arrebitado que se casam com peixes, 
casas sem muros com segredos amarelos, coisas de arrepiar, 
panos vermelhos e balões que dão a volta ao mundo. 
Até que aprenda a ler por si mesma, é pela voz de alguém que lê em voz alta que a criança vai usufruir do tesouro que lhe cabe por direito."

Maria Betânia Ferreira

          O professor senta e abre o livro que, escancarado, diz o que quer dizer, "sem instruções nem explicações".

          Os meninos e meninas sentam em roda, e, olhos fitos, saem em inteireza. 
          
          Há uma beleza tão imensa nesta cena, é tudo se estende com esperança.  Os traços físicos, o cheiro das 'meninas arrebitadas' e das 'bolsas amarelas' são tantas vezes reforçados, que eles saem do livro e sentam bem ali, bem diante dos nossos olhos, de carne e osso.  É sempre impossível esgotar todas os assombros do livro que merece uma segunda leitura, uma terceira.

          O que merecem estes profissionais que, na dura labuta nas bibliotecas, dedicam-se à tal causa, em tempos de baixa remuneração e prestígio social?  Para eles, nossos vivas! Para os que comunicam a beleza da poesia, a graça da urdidura dos textos e a estranheza das histórias, nossa reverência.  Um abraço com emoção verdadeira!




P.S: Os professores ganharam livros de Carlos Fialho: "Crônicas na Escola": uma reunião aleatória de escritos difusos para a reflexão do cotidiano dos anos que virão. 

          

          

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