Lagoa Nova e seu Festival sob o olhar da escritora Ana Cláudia Trigueiro

14:10:00Rio de Leitura

"Uma criança,
um professor,
um livro e uma caneta
podem mudar o mundo."
Malala Yousafzai

"Os livros que eu já li
São tesouros encontrados 
Os que ainda vou ler 
São tesouros enterrados 
E cada livro é um mapa 
Que tem, por detrás da capa 
Mais um tesouro enterrado."
José Acaci


          Na terça e quarta, 06 e 07 de dezembro, aconteceu o 1º Festival Literário de Lagoa Nova, cidadezinha charmosa localizada no alto da Serra de Santana. O evento, promovido pela Secretaria de Educação, foi idealizado pela professora e escritora Paula Belmino (autora dos ótimos livros infantis “A menina que sabe chover” e “Bichonário Poético”) contou com o apoio da prefeitura e o engajamento dos demais profissionais envolvidos com a educação do município.

          Além de organizar rodas de conversas com os jovens, oficinas de capacitação para os professores e exposição dos trabalhos sobre os livros lidos, o festival contou com apresentações artísticas dos alunos de dezesseis escolas municipais, dez delas localizadas na zona rural.

          A editora CJA veio e trouxe seus escritores: eu, Araceli Sobreira e José de Castro. Também estiveram presentes os poetas e cordelistas, José Acaci e Geraldo Tavares e as assessoras Graça Santos e Angélica Vitalino, do prestigiado projeto Rio de Leitura.  Foi muito bonito ver o esforço e o comprometimento de tantas pessoas em prol de uma causa relegada por muitos governos municipais no estado. Que bom que o prefeito Luciano Santos enxergou o potencial de um evento cultural dessa natureza. Festivais literários podem impulsionar vários setores: da educação, passando pela cultura e turismo, até chegar à economia, são muitos os beneficiários de ações voltada para a promoção da leitura.

          Lagoa Nova entrou para o rol das cidades norte-rio-grandenses que promovem um festival anual sobre livros. Se esse evento for a culminância de um sólido projeto de formação de professores e de novos leitores, a cidade verá os frutos da iniciativa em alguns anos. Parnamirim é um ótimo exemplo disso. Como podemos ler no site, o projeto, criado em 2010, “promove a formação de leitores e busca desenvolver o gosto pela literatura por meio de ações continuadas como saraus, atos literários, fóruns, seminários, intercâmbio com escritores e editores, feiras literárias e outras ações, envolvendo a comunidade de forma que seja democratizado o livro para todos”.  

          A atual gestão tem tudo para fazer acontecer, nos próximos anos, um festival cada vez mais abrangente, conectando secretarias e atraindo a população e os turistas que desejarem usufruir do clima, da natureza, da culinária, da cultura e dos livros que serão vendidos.

          E, para você, que ainda não conhece essa cidade encantadora do Seridó, aí vão algumas informações pitorescas: foi chamada Lagoa Nova porque havia uma lagoa próxima descoberta antes. Por ter sido notada depois, nem por isso foi menos importante. Hoje vivem às suas margens quase 16.000 pessoas.

          Dos seus mirantes é possível ver a natureza lá embaixo, que o verão torna cinza e o inverno, verde, enchendo os olhos de beleza. À noitinha começa a soprar um generoso vento serrano, que vai esfriando, esfriando, até que os braços dos desacostumados como eu, peçam um casaco.

         Na propriedade de dona Maria do Céu e suas oito filhas, vi muitas flores, cada uma mais bonita e perfumada do que a outra e, pense em um povo simpático e hospitaleiro é o lagoanovense! Que comida gostosa e que doces diferenciados experimentei na serra de Santana!

          Ainda sobre a lagoa, a mãe de Paula Belmino, dona Cícera Simões, conta uma história de assombração muito interessante: dizem que há muitos e muitos anos, no tempo ainda das sesmarias, uma moça, desesperada por ter tido um filho antes do casamento, jogou seu bebê nas águas. Por obra do sobrenatural, a criança transformou-se em uma cobra gigantesca, que atacava quem ousasse nadar em sua morada.  Claro que fiz minha versão da lenda: Santa Ana, avó de Jesus e de todas as crianças do mundo, compadeceu-se da criança e levou-a para o céu juntamente com a pobre moça, que havia pulado em um dos precipícios da serrania. No exato lugar em que o bebê havia sido jogado, habitava uma cobra veadeira, que por ter sido impedida de almoçar o pagãozinho, passou a caçar os banhistas que se aventuravam. Essa cobra já morreu há muitos anos, mas o medo dela sobreviveu aos séculos, de modo que, até hoje, tem gente com medo de nadar no lugar.

           Há ótimas pousadas e restaurantes te esperando em Lagoa Nova. E licores dos mais saborosos também. Eu trouxe o de malva-rosa. Cada vez que bebo um golinho dele, a saudade da serra toma conta do meu coração.

          Um abraço aos professores, alunos e amigos que fiz aí. Aguardem-me, porque voltarei nas férias.

Ana Cláudia Trigueiro





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